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Condenação de Le Pen gera protestos a favor e contra a Justiça na França

Enquanto apoiadores falam em “eleição roubada”, opositores denunciam ataques à democracia e ao Judiciário. Mulher participa de manifestação em apoio a Le Pen, em Paris, neste domingo (6)
Gonzalo Fuentes/Reuters
Dois anos antes das eleições presidenciais na França, a condenação judicial da líder da extrema direita Marine Le Pen – que, salvo reviravolta, não poderá concorrer no pleito –, provoca neste domingo (6) protestos a favor e contra a decisão de Justiça. O partido Reunião Nacional (RN), de Le Pen, convocou a militância para uma grande demonstração de apoio a ela em Paris.
Também na capital, uma “contramanifestação” é organizada pela esquerda para defender a separação dos poderes, depois que a Justiça passou a ser alvo da extrema direita. Um terceiro evento, um dia de conferências e debates sobre o tema da defesa de democracia, também é promovido pelo partido centrista Renascença, de Emmanuel Macron, em Saint-Denis, na periferia de Paris.
Na segunda-feira (30), a Corregedoria de Paris tornou Le Pen inelegível e determinou uma pena de quatro anos de prisão à deputada, por uso indevido de verbas do Parlamento Europeu, quando era eurodeputada. A líder recorreu da decisão, mas dificilmente conseguirá revertê-la a tempo de poder concorrer nas próximas eleições presidenciais.
Justiça francesa torna Marine Le Pen inelegível e tira a líder da extrema direita da disputa em 2027
A pré-candidata promete não desistir: o RN lançou uma vasta ofensiva, denunciando “juízes tiranos”, de acordo com o deputado Jean-Philippe Tanguy, e organizando um comício de apoio à líder às 15h (10h em Brasília), em frente ao Palácio dos Inválidos. Le Pen fará um discurso: apesar de ter desviado € 4 milhões em benefício do partido, ela considera que a Justiça protagonizou um “escândalo democrático” ao impedi-la, com 37% de intenções de voto atualmente, de participar das eleições em 2027.
 “Serei bem clara: não permitiremos que a eleição presidencial seja roubada do povo francês”, disse ela, na terça-feira.
‘Interferência estrangeira’
O primeiro-ministro francês, François Bayrou, afirmou neste sábado (5) que a organização de uma manifestação para protestar contra uma decisão judicial “não é saudável, nem desejável” e criticou a “interferência estrangeira” no caso, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu vice-presidente, JD Vance, se pronunciaram a favor de Le Pen. Xavier Bertrand, presidente de direita Republicanos na região de Hauts-de-France, avaliou que a manifestação da extrema direita ilustra uma “má reformulação do Capitólio”, em referência à invasão do Congresso americano pelos apoiadores de Donald Trump, em 2021.
Já Marine Tondelier, secretária nacional dos Ecologistas, avaliou que a manifestação do Reunião Nacional é, “na realidade, uma oposição à justiça e contrária ao Estado de direito”. Os ecologistas estão entre os que organizam a contramanifestação, que acontecerá no mesmo horário na Praça da República, com a presença ainda da militância do França Insubmissa e o Generações. Os partidos Socialista e Comunista, entretanto, não se associaram à mobilização.
“Esta não é uma manifestação contra os juízes”, mas “pela democracia, por Marine Le Pen, pela soberania popular”, retrucou o vice-presidente do RN, Sébastien Chenu. O deputado, no entanto, voltou a classificar a decisão como “injusta” e como “uma execução política do principal líder político francês”. 
“Uma das questões que surgirão neste domingo é se queremos que a França se torne a América de Trump ou não”, disse um aliado do ex-primeiro-ministro centrista Gabriel Attal, que participará do evento do Renascença em Saint-Denis. Attal deverá se manifestar em defesa do “estado de direito”, da “democracia e dos nossos valores”, e chamou para participar das conferências outro líder centrista, Édouard Philippe, pré-candidato ao Palácio do Eliseu, e o atual primeiro-ministro, François Bayrou.

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