Sem Putin, delegação russa ‘decorativa’ e sem nomes do 1º escalão chega a Istambul para diálogo com Zelensky
Esta é a primeira vez em três anos que autoridades de Moscou e Kiev sentam na mesma mesa para tentar acabar com a guerra, que se arrasta desde 2022. Molodymyr Zelensky prometeu ir à Turquia, sob a condição de que o líder russo também comparecesse. Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (à esquerda), e o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
REUTERS/Alina Smutko/File Photo/Maxim Shemetov
Nem Putin, nem ministros. A delegação russa que participará de diálogos diretos com a Ucrânia por um acordo de paz chegou nesta quinta-feira (15) em Istambul, em Turquia.
As negociações estão previstas para começar na tarde desta quinta, pelo horário local, mas, antes mesmo de começar, já ficaram marcadas pela ausência do presidente russo, Vladimir Putin, apesar dos apelos do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, que participará do encontro e queria a presença do homólogo russo.
Jornais e sites de notícias locais relataram nesta manhã um clima de “confusão” pela indefinição de horários e delegações do encontro, que será a primeira reunião direta entre as duas partes desde o início da guerra da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Os representantes de Moscou estão “dispostos a conduzir negociações sérias”, garantiu a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.
O anúncio da delegação russa que compareceria ao encontro, sem o líder russo, Vladimir Putin,
A reunião já começa esvaziada, porém, pela provável ausência do líder russo, Vladimir Putin, que não confirmou presença mesmo sendo o proponente do encontro.
O nome de Putin não consta na lista divulgada pelo Kremlin das autoridades do país, consideradas de baixo escalão, que irão para a Turquia para negociações de paz na guerra com a Ucrânia. O Kremlin afirmou nesta quinta-feira que o presidente russo se reuniu tarde da noite com conselheiros e oficiais para discutir as negociações com a Ucrânia.
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Para o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que confirmou sua presença sob a condição de se encontrar com Putin, o líder russo estaria “com medo”. Zelensky viajou para a capital turca, Ancara, para se encontrar com o presidente Recep Tayyip Erdogan, mas sua presença em Istambul para as negociações com a Rússia está em xeque.
Segundo a agência Reuters, o presidente dos EUA, Donald Trump, também não vai comparecer, apesar de ter dito dias antes que estava considerando participar das reuniões. Sob a administração do republicano, Washington tentou se colocar como mediador do conflito.
Em um telefonema nesta quarta, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, havia pedido para que Putin fosse a Istambul.
Em um comunicado divulgado pelo Kremlin, o governo russo afirmou que estarão presentes em Istambul um assessor-sênior da presidência, Vladimir Medinsky, e o vice-ministro da Defesa, Alexander Fomin, que participou das últimas negociações realizadas entre as duas partes em 2022, poucas semanas após a invasão da Ucrânia pelas forças russas.
Também foi nomeado como parte da delegação Igor Kostyukov, diretor da Diretoria Principal de Inteligência do GRU, a Agência de Inteligência Militar Estrangeira da Rússia.
Lula e Putin falam sobre negociação de paz com a Ucrânia
Conversas diretas
Putin propôs no domingo conversas diretas com a Ucrânia para tratar do conflito. Zelensky não apenas disse que participaria, mas também que Putin deveria estar presente pessoalmente.
“Se Vladimir Putin se recusar a viajar à Turquia, será o sinal definitivo de que a Rússia não quer acabar com esta guerra, de que a Rússia não quer, nem está preparada, para nenhuma negociação”, afirmou em um comunicado o chefe do gabinete da presidência ucraniana, Andrii Yermak.
Desde que Trump passou a pressionar pelo final da guerra da Ucrânia, tanto a Rússia quanto a Ucrânia têm tentado mostrar que estão trabalhando em direção à paz. No entanto, as movimentações ainda estão confusas e por vezes ficam apenas no âmbito da provocação ao rival.
O vice-ministro das Relações Exteriores russo afirmou nesta terça que a Rússia está pronta para negociações sérias sobre a guerras, mas duvida que a Ucrânia esteja disposta a negociar.
Negociações pelo fim da guerra na Ucrânia
Zelensky diz estar disposto a conversar pessoalmente com Putin
Negociações diretas entre russos e ucranianos não ocorrem desde os primeiros meses da guerra, ainda em 2022. A Turquia, que integra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), sediou a última reunião direta entre os dois países. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que Istambul “está pronta para sediar negociações que levem a uma solução permanente”.
O presidente russo afirmou que as negociações pelo fim da guerra poderiam ser abertas “sem quaisquer pré-condições” como contraproposta à iniciativa do Reino Unido, Alemanha, Polônia e França de pressionar por uma trégua plena e incondicional de 30 dias a partir de segunda-feira —que não aconteceu. A Rússia afirmou na segunda-feira que não aceitará nenhum “ultimato” sobre cessar-fogo na guerra.
Ao comentar a exigência de Zelensky por um cessar-fogo de 30 dias, Trump disse no domingo que Putin “quer ser encontrar” em Istambul, deixando no ar uma possível ida do russo. O presidente americano, que está viajando pelo Oriente Médio para encontros com líderes do Golfo Pérsico, afirmou na segunda-feira que talvez vá à Turquia para participar pessoalmente do encontro.
A oferta de Putin para novas negociações ocorreu após líderes europeus ameaçarem impor novas sanções à Rússia caso não haja uma trégua de 30 dias na Ucrânia.