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Por que não se deve usar um linguajar infantilizado quando nos dirigimos aos idosos

Nos Estados Unidos, um programa criado na Universidade de Kentucky treina o time de saúde para evitar o ‘tatibitate’ com os mais velhos. “Está na hora da sua comidinha”; “Deixa eu te ajudar, docinho”; “Vozinho, vovozinha, amoreco, querido”… Por que é tão comum que cuidadores e pessoas próximas se dirijam aos idosos como se fossem crianças pequenas? É quase como apagar todo o seu passado, negar que tenham tido uma vida plena como adultos – e, claramente, trata-se de mais uma manifestação de etarismo, como se o interlocutor fosse dependente ou incompetente.
Cuidadora com idoso em cadeira de todas: linguagem infantilizada indica etarismo
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Reportagem de Paula Span, no jornal “The New York Times”, mostra que esse tipo de tratamento, no qual o aparente excesso de gentileza na verdade esconde um comando, não tão é bem-vindo quanto se supõe. Foi o que constataram Clarissa Shaw, pesquisadora da faculdade de enfermagem da Universidade de Iowa, e Kristine Williams, gerontóloga da Universidade do Kansas, ao analisarem dezenas de vídeos de interação entre cuidadores e idosos em instituições de longa permanência (ILPIs).
“Como alimentamos estereótipos negativos em relação à velhice, mudamos a forma de falar quando nos dirigimos aos velhos. As pessoas não fazem por mal, mas não se dão conta de que a mensagem que passam é negativa”, afirmou Williams. Em 84% dos vídeos analisados, a linguagem empregada era infantilizada. Cerca de 90% dos idosos em ILPIs apresentam algum sinal de demência, mas isso não significa que desejem ser tutelados como bebês. No entanto, seus interlocutores utilizam um tom mais alto, frases curtas e proferidas lentamente, ou adotam um estilo meio cantado, como é frequente com alunos da pré-escola.
Estudos mostram uma relação entre esse linguajar tatibitate e uma reação de resistência dos idosos. “Muitos gritam, viram as costas e até empurram os cuidadores”, diz Williams. Daí nasceu o “Mudança de linguagem”, que agora está disponível on-line: “Changing talk on-line training”, ou CHATO, é um treinamento com três horas de duração para remodelar essa interação. De acordo com as métricas usadas, o objetivo do programa, de reconhecer e superar as barreiras de comunicação com os idosos, parece ter sido alcançado. Os comportamentos mais resistentes diminuíram na mesma proporção que o linguajar infantilizado deixou de ser empregado. Houve também queda no uso de drogas antipsicóticas.
Correio da Saudade estimula comunicação de idosos por meio de cartas em Passagem Franca-PI

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