Steve Bannon, guru de Trump, previu Prevost entre favoritos e lamentou: ‘Infelizmente um dos mais progressistas’
‘Eu acho que um dos azarões — e, infelizmente, um dos mais progressistas — é o cardeal Prevost. Não acho que ele esteja ganhando atenção. Mas ele certamente está na lista de favoritos’, disse Bannon. Guru de Trump previu eleição de Prevost como papa e chamou de ‘pior cenário’
Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump, falou em entrevista ao jornalista Piers Morgan há cerca de dez dias sobre as possibilidades de Robert Francis Prevost ser o novo papa.
Ele disse que via Prevost na lista dos favoritos, mas que considerava isso uma coisa negativa. Na descrição de Bennon, ele é “infelizmente, um dos mais progressista”.
Bannon, um dos gurus da nova direita dos EUA, considerava que a melhor escolha seria pelo guineense Robert Sarah, mais conservador.
“Eu acho que um dos azarões — e, infelizmente, um dos mais progressistas — é o cardeal Prevost. Não acho que ele esteja ganhando atenção. Mas ele certamente está na lista de favoritos. Acho isso bastante chocante, dado o desprezo que eles têm pela Igreja americana. A Igreja americana dá muito dinheiro. Eles têm medo de que ela tenha muito poder, então nunca querem um papa americano. Mas na minha compreensão Prevost é um dos mais próximos de Francisco ideolgicamente. E tem muita experiência na América Latina. Então ele ele é um dos favoritos”, disse Bannon.
Steve Bannon, guru do presidente dos Estados Unidos
Elizabeth Frantz/REUTERS
O ex-papa, que morreu em 21 de abril, ficou conhecido por promover reformas, além de ter proximidades com minorias e ter feito uma Igreja mais voltada aos pobres.
⛪ Robert Francis Prevost, agora chamado de Leão XIV, foi anunciado como o novo papa na tarde quarta-feira (8). Ele foi escolhido por pelo menos 89 dos 133 cardeais – dois terços dos eleitores do conclave
Quando era cardeal, ele se mostrou críticos a algumas decisões de Trump. Em sua conta na rede social X, por exemplo, ele repostou uma crítica sobre o presidente dos EUA enviar deportados a prisões de El Salvador:
A postagem afirma que “Trump e (o presidente salvadorenho, Nayib) Bukele, usam o (Salão) Oval para fazer a deportação ilícita de um residente americano pelo governo federal (…)”, em referência à polêmica deportação do salvadorenho Kilmar García, que foi deportado por engano durante a gestão Trump.
Postagem na conta do novo papa Leão XIV na rede social X, em que ele reposta crítica ao governo de Donald Trump.
Reprodução/ Redes sociais
Em outro momento, o novo papa Leão XIV contestou uma fala do vice-presidente dos EUA, JD Vance, de que “a extrema esquerda inverteu” valores do cristianismo.
Quem é Robert Francis Prevost?
Nascido em Chicago, nos Estados Unidos, Prevost tem 69 anos e se torna o primeiro papa norte-americano da história da Igreja. É também o primeiro pontífice vindo de um país de maioria protestante.
Apesar da origem norte-americana, Prevost construiu grande parte de sua trajetória religiosa na América Latina, especialmente no Peru. Foi lá que se destacou até alcançar os cargos mais altos da Cúria Romana.
Ao ser eleito, ocupava duas funções importantes no Vaticano: prefeito do Dicastério para os Bispos — órgão responsável pela nomeação de bispos — e presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina.
Cardeal Robert Francis Prevost, dos EUA, em 30 de setembro de 2023.
Foto AP/Riccardo De Luca
De perfil discreto e voz tranquila, Prevost costuma evitar os holofotes e entrevistas. No entanto, é visto como um reformista, alinhado à linha de abertura implementada por Francisco. Tem formação sólida em teologia e é considerado um profundo conhecedor da lei canônica, que rege a Igreja Católica.
Entrou para a vida religiosa aos 22 anos. Formou-se em teologia na União Teológica Católica de Chicago e, aos 27, foi enviado a Roma para estudar direito canônico na Universidade de São Tomás de Aquino.
Foi ordenado padre em 1982 e, dois anos depois, iniciou sua atuação missionária no Peru — primeiro em Piura, depois em Trujillo, onde permaneceu por dez anos, inclusive durante o governo autoritário de Alberto Fujimori. Prevost chegou a cobrar desculpas públicas pelas injustiças cometidas no período.
Em 2014, foi nomeado administrador da Diocese de Chiclayo, cargo em que foi ordenado bispo e permaneceu por nove anos. Nesse período, enfrentou a principal crise de sua trajetória: em 2023, três mulheres acusaram Prevost de acobertar casos de abuso sexual cometidos por dois padres no Peru, quando elas ainda eram crianças.
Segundo as denúncias, uma das vítimas telefonou para Prevost em 2020. Dois anos depois, ele recebeu formalmente os relatos e encaminhou o caso ao Vaticano. Um dos padres foi afastado preventivamente e o outro já não exercia mais funções por questões de saúde. A diocese peruana nega qualquer acobertamento e afirma que Prevost seguiu os trâmites exigidos pela legislação da Igreja. O Vaticano ainda não concluiu a investigação.
Durante sua passagem pelo Peru, Prevost também ocupou cargos de destaque na Conferência Episcopal local e foi nomeado para a Congregação do Clero e, depois, para a Congregação para os Bispos. Em 2023, recebeu o título de cardeal — função que ocupou por menos de dois anos antes de se tornar papa, algo raro na Igreja moderna.
Durante a internação de Francisco, Prevost foi o responsável por liderar uma oração pública no Vaticano pela saúde do então pontífice.