Eleitores irão escolher neste domingo (25) novos governadores e deputados estaduais e federais. Mas oposicionistas fizeram campanha por abstenção para deslegitimizar regime de Maduro. Já presidente venezuelano liderou comícios e atos na rua. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ao lado de seu filho, Nicolás Maduro Guerra, durante campanha para as eleições legislativas em Caracas, na Venezuela, em 22 de maio de 2025.
Ariana Cubillos/ AP
Quase um ano depois de um pleito até hoje sem resolução, os venezuelanos voltarão às urnas neste domingo (25) em eleições regionais e para renovar Parlamentos locais.
A disputa também voltou a colocar frente a frente o governo de Nicolás Maduro e a oposição, liderada por María Corina Machado. Desta vez, no entanto, os oposicionistas tentarão jogar com outra carta: a abstenção.
Machado e seus apoiadores vêm pedindo para que a população boicote o pleito (leia mais abaixo). Já Maduro, na tática oposta, fez diversos comícios e campanha em rua e tentará eleger seu filho, Nicolás Maduro Guerra, para o cargo de deputado em Caracas.
O pleito é a primeira vez que os venezuelanos irão às urnas desde a disputa presidencial do ano passado, que o presidente Nicolás Maduro alegou ter vencido apesar de evidências que indicam vitória da oposição (leia mais abaixo).
No pleito deste domingo, serão eleitos:
Deputados estaduais;
285 deputados federais;
Todos os 24 governadores da Venezuela – incluindo, pela primeira vez, o de Essequibo, a região da Guiana que Caracas alega ser seu território.
Uma pesquisa nacional realizada entre 29 de abril e 4 de maio pela empresa de pesquisa Delphos, sediada na Venezuela, mostrou que apenas 15,9% dos eleitores expressaram alta probabilidade de votar no domingo.
Desses, 74,2% disseram que votariam nos candidatos do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e seus aliados, enquanto 13,8% disseram que votariam em candidatos associados a dois líderes da oposição que ignoraram o apelo de Machado para boicotar as eleições.
Oposição pede boicote
No pleito de julho do ano passado, em que os venezuelanos foram às urnas em eleições para presidente, a oposição alegou vitória e continuou, por muitos meses, tentando mobilizar a comunidade internacional para intervir.
Desta vez, a tática é quase oposta: os líderes opositores nacionais e locais lideraram nas redes sociais uma campanha para que os eleitores não votem neste domingo, apoiando-se no argumento de que, desta vez, a votação apenas legitimaria uma ditadura mascarada de democracia.
“Perdemos a confiança no voto. Em 28 de julho (de 2024, nas eleições gerais), zombaram da gente”, disse à agência de notícias Associated Press Carmen Medina, vendedora de bijuterias na capital, Caracas. “Não pretendo votar.”
O sociólogo Roberto Briceño, diretor do grupo de pesquisa independente Laboratório de Ciências Sociais, disse à Associated Press que muitos venezuelanos não veem mais o voto como uma ferramenta para “gerar mudanças ou melhorar a grave situação do país”.
Após a eleição de julho, disse ele, as pessoas vivem com uma “tristeza persistente em relação ao futuro”, pois “sentem que fizeram a sua parte” para eleger alguém que não fosse Maduro.
Já o professor da Universidade de Tulane especialista em Venezuela David Smilde acha que a estratégia se voltará contra a oposição.
“O governo cooptou alguns partidos da oposição e há outros que estão cansados dessa estratégia que nunca funcionou”, disse . “Então, o que teremos é um boicote parcial, o que significa que o governo vai chegar à vitória com facilidade e pode dizer: ‘Tivemos eleições, a oposição não participou’. Isso vai se voltar contra a oposição.”
Justiça eleitoral retira QR code
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Pesa a favor da campanha de abstenção da oposição o fato de que o Conselho Nacional Eleitoral — a autoridade máxima eleitoral do país e leal ao partido governista — supervisionará a eleição deste domingo.
No início deste mês, o Conselho Eleitoral decidiu remover o código QR que aparecia anteriormente nas cédulas de apuração impressas por todas as urnas eletrônicas, as chamadas atas eleitorais.
Essas atas foram usadas pela oposição para alegar vitória, e para obtê-las, os oposicionistas utilizaram justamente o código QR. À época, uma contagem das atas feita pela Associated Press identificou que Edmundo González, o candidato da oposição, obvete mais votos que Maduro.
A lider da oposição, María Corina Machado, também fez campanha pela abstenção pelas redes, mas segue escondida e fez campanha pelas redes sociais, para evitar a prisão ou o exílio. O risco é alto: na sexta-feira (23), outro oposicionista, Juan Pablo Guanica, foi preso acusado de planejar um atentado terrorista durante as eleições, segundo anunciou o Ministério do Interior na data.
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